O fim do voto consciente está próximo

Está cada vez mais difícil encontrar cidadãos que escolhem conscientemente os seus representantes políticos; que conseguem separar o joio do trigo na hora de votar, que pesquisam a vida dos candidatos antes do pleito; que reconhecem a real importância do voto. Recentemente, a imprensa nacional divulgou uma pesquisa que aponta que 1/5 dos eleitores já venderam ou venderiam seus votos em troca de benefícios. Engraçado foi ver a cara de espanto dos apresentadores dos telejornais lendo a chamada da matéria sobre essa pesquisa. Para mim, o maior espanto e o mais engraçado de tudo, foi saber que “só 1/5” praticaria esse desagravo democrático. É difícil para o eleitor entender que o voto consciente é o maior dos benefícios que ele pode ter? É, acho que sim.
Para embasar esse meu espanto quanto ao resultado da pesquisa divulgada, fui tirar a prova dos nove nas ruas. Depois de exercer o meu direito de votar, perguntei a algumas pessoas, gente de casa mesmo, em quem elas votaram, e maioria das respostas sempre vinha logo seguida de alguma justificativa tosca: “Não, porque se fulano entrar, o meu marido deve trabalhar com ele...; se o beltrano for eleito, vai ‘puxar não sei quem’ para assessorá-lo e depois fica mais fácil eu ser chamada para aquele o órgão e tal!!!”. P.Q.P., pensei, o fim do voto consciente está próximo! Quando isso vai mudar?
Com o resultado de minha pesquisa pessoal, hoje, acredito que o voto consciente (refiro-me à maioria dos votos válidos – o que elege) vem crescentemente tomando ar romântico; preso à uma utopia absurda, formada por cidadãos de mente tacanha, que acreditam que nada mais pode ser feito neste Brasil de meu Deus. Mas, oremos. Ainda há salvação.
O Tribunal Superior Eleitoral pegou pesado nestas eleições promovendo campanha publicitária contra a venda de votos, mas o povo insiste em querer benefícios só para si, e esquecem que há todo um país à espera de mudanças políticas radicais. Talvez, fosse mais eficaz promover no próximo pleito uma campanha para conscientizar o eleitor que ele pode receber sim os benefícios oferecidos por alguns candidatos, mas, ensiná-los também a entrar no jogo sujo, e trapacear na hora do vamos ver (nas urnas). Votando no candidato de sua preferência.
Seria assim: Pôr na cabeça do povo que o voto é secreto. E isso é fato! convencer o seu Antônio ou a dona Bené a entenderem que ninguém saberá em quem eles votaram. Incentivar o eleitor a ir às urnas com camiseta, fita na cabeça, bandeira no ombro...  tudo o que tiver estampado com o número do candidato que lhe “ofereceu” o benefício em troca do voto, mas, na hora decisiva, ali, frente à frente com a urna, votar noutro candidato. É! Façamos isso em prol de nós mesmos. Fazer o feitiço virar contra o feiticeiro; e acabar ferrando o corrupto que compra voto. Vamos deixar de lado esse egoísmo besta de querer tudo pra si, e começar a pensar em nossa comunidade, no nosso estado e, claro, no país.
Quem avisa amigo é! Portanto, está dado o recado. Porque, depois de decida a eleição, não dá para chorar pelo leite derramado, nem pela falta de medicamento na farmácia da Unidade de Saúde da comunidade; por andar em ruas esburacadas e cheias de lama; de viver em um estado sem trabalho, em uma cidade mal cuidada etc. Ou voto consciente retoma com força total, ou então nos lamentaremos  sempre por não viver no Brasil dos nossos sonhos. E aceitar esse fato, para mim, é inconcebível!    

2 comentários:

Anônimo 7 de outubro de 2010 às 23:29  

Lendo o segundo texto comecei a pensar no primeiro... rs
Mentiras sinceras e as vezes deslavadas cabem na política tb.

Lucélia

Fabiano Bizerra 8 de outubro de 2010 às 18:15  

O mundo seria pior sem as mentiras sinceras.

Postar um comentário

Liberdade de expressão!

A liberdade de expressão é um direito garantido pela Constituição Federal, e expressar-se, além de um dever e obrigação, é fundamental para tentar melhor aquilo que consideramos estar errado em nossa sociedade, em nosso cotidiano. Portanto, façamos valer esse direito.

O Textualmente Crônico é um espaço aberto para divulgar suas idéias. Entre, curta, participe, critique. Mande sugestões e opiniões para: jrnery.jornalista@gmail.com.

Sejam todos bem vindos!